QUADRINHOS | INTRODUÇÃO À SANDMAN

 
Sandman é sem dúvida uma das obras mais prestigiadas no mundo dos quadrinhos. Criada por Neil Gaiman, a série é, não apenas considerada uma das melhores coisas já feitas no mundo na nona arte, mas também a melhor coisa que o autor já fez. Sendo coincidentemente um de seus primeiros trabalhos, e o responsável por torna-lo conhecido mundialmente. Hoje ele é bem mais sucedido escrevendo livros, mas sempre será lembrado por Sandman, uma obra que permanece viva, tanto no coração dos fãs, quanto no meio midiático.

É importante ressaltar que, antes de ser personagem de quadrinhos, Sandman é uma criatura folclórica, inspirada na história grega do Morfeu, popularizada pela lenda urbana americana do Sandman (aquele amarelinho fofo do filme A Origem dos Guardiões), conhecido no Brasil como João Pestana (nossas remelas seriam areias que ele joga pra gente dormir), e é claro pela famosíssima canção Mr Sandman, de Pat Ballard (que ganhou uma versão em PTBR pelo Roberto Carlos).

Sandman Wesley Dodds

Nos anos 1940, Jack Kirb criou o primeiro personagem chamado Sandman. A partir disso, começaram a parecer super heróis com esse nome nos quadrinhos. Existiram algumas versões até chegar em um Sandman definitivo. Este Sandman clássico, criado por Gardner Fox e Bert Christman, identidade secreta Wesley Dodds, entrou no panteão de heróis da era de ouro da DC, chegando a fazer parte da saudosa equipe Sociedade da Justiça (a série televisiva Samallville (2001 - 2011), que narra as aventuras de um jovem Superman, tem um episódio dedicado a Sociedade da Justiça, onde o Wesley Dodds aparece rapidamente como Sandman). Porém, com o advento da era de prata do universo DC, trazendo várias reformulações, reboots e cancelamentos, o Sandman foi deixado de lado, até que anos mais tarde, esse nome estourasse novamente pelas mãos de outro personagem. 


Em meados dos anos 1980, a DC Comics ainda estava na vibe de dar uma rebutada geral em seu universo. O marco disso foi a famosa saga Crise nas Infinitas Terras, que trazia de volta o universo da era de ouro ao lado da era de prata e várias outras versões do universo DC, criando o queridíssimo multiverso, hoje tão amado pelos fãs de quadrinhos. 

Neil Gaiman
Então, a editora Karen Berger foi responsável por trazer uma galera, até então desconhecida, para reformular vários personagens secundários do universo DC, dando liberdade para que esses autores pudessem trabalhar de forma criativa e como bem entendessem esses títulos. O que ninguém esperava era que essa invasão britânica da DC criaria verdadeiros monstros dos quadrinhos, que mudariam a história da mídia pra sempre, como Alan Moore, Grant Morisson e é claro, Neil Gaiman. Ele então começa com uma personagem bem desconhecida, chamada Orquídia Negra, e faz um trabalho fenomenal com a personagem, ao lado de Dave McKean, ilustrador que estaria com Gaiman em vários outros projetos no futuro. 

Em alguns encontros com a Karen Berger, pra saber qual o próximo personagem que Neil Gaiman iria ressuscitar, vários nomes foram sugeridos por ele, mas não eram aprovados. Até que lhe foi entregue o Sandman, com a missão de fazê-lo completamente diferente, com liberdade total para mudar o que quisesse, e apenas manter o nome.

Em novembro de 1988 sai a primeiríssima edição de Sandman. E explode cabeças.


Desenhada por Sam Kieth e Mike Dringenberg, com capa do Dave McKean, a revista nos apresenta  Sandman, o senhor dos Sonhos. Uma entidade perpétua responsável pelo sonhar, que é seu reino. 

Gaiman cria então um universo fantástico e super amplo, com personagens e tramas que podem se passar em qualquer época, qualquer plano de existência, e se encaixar em qualquer gênero literário. 
O que é uma saída de mestre para quem estavam evitando trabalhar com séries mensais, por serem cansativas de escrever. Essas ricas possibilidades de macroverso, é o que torna franquias como Sandman, e por exemplo Doctor Who, eternas. 

Outra coisa super legal em Sandman, é que apesar de ter um riquíssimo universo próprio, com participação de personagens históricos e mitológicos, ainda é tudo dentro do Universo DC. Ou seja, temos várias aparições de personagens como Constantine, membros da Liga da Justiça, entre outros. Além disso, Gaiman traz de volta não só o Sandman do Wesley Dodds, como outra versão anterior, criando uma explicação para a existência deles naquele universo, além de ligar com o seu Sandman principal.

Mas o grande forte da mitologia de Sandman, sem dúvida são os perpétuos. 
Ao surgir do primeiro ser vivo, ele tem uma história, surge então o Destino. Ao perecer, surge a Morte. Ao sonhar, surge o Sonho, ao desejar, surge o Desejo, e assim vai. Destino, Morte, Sonho, Desejo, Desespero, Destruição e Delírio. Esses irmãos simplesmente caíram no gosto da galera, e são de longe um dos personagens mais amados, não só de Sandman, mas dos quadrinhos em geral. Sendo a Morte a mais querida deles, com vários spin off.

É comum se dizer que as aparências de Sonho e Morte são inspiradas no Robert Smith (The Cure), e na Siouxsie Sioux (Siouxsie and the Banshees). Porém, a aparência do Sonho é um amalgama do Roberth Smith, Peter Murphy (Bauhaus), Farukh Ruzimatov (bailarino) e do próprio Neil Gaiman. Quanto a Morte, embora lembre demais a Siouxsie, foi assumidamente inspirada na Cinamon Hadley (figurinista), falecida em 2018.

Pequenos Perpétuos, por Jill Thompson

Existem vários spin off que tratam de outros personagens, histórias paralelas, e por fazer parte do universo DC, alguns personagens também aparecem em outras revistas da editora. Porém o Neil Gaiman, em seu contrato, decidiu que seu Sandman, protagonista da história, não poderia ser usado sem ser por ele, ou autorizado por ele.

O Brasil é o segundo país com o maior números de fãs de Sandman, sendo o primeiro a traduzir a obra para outro idioma. Com edições elogiadíssimas publicadas pelas editoras Globo e a finada Conrad (também rolaram edições ruins pela Brainstorm, Tudo em Quadrinhos e Pixel), Sandman cresceu por aqui e hoje pode ser encontrada em edições incríveis publicadas pela Panini. 

A série teve 75 edições. E em 2013 sai Sandman Prelúdio, com 6 edições. 
A Panini lançou uma edição definitiva, compilando todas as 75 edições em quatro volumes, e algumas histórias extras no quinto volume. Também pela Panini saiu Sandman Prelúdio em 3 volumes, e uma edição definitiva da Morte, com duas histórias que a introduzem em Sandman, e os spin off da personagem. 


Em 2018, comemorando 30 anos do lançamento da primeira edição do quadrinho, foi anunciado o lançamento de The Sandman Universe, uma nova linha de quadrinhos que se passam no universo de Sandman.
Como eu já disse antes, é um universo com possibilidades infinitas, que acredito, e desejo que nunca deixe de existir.

Neil Gaiman é lindo demais!


Referencias e indicações:

As edições de Sandman, é claro.

A maravilhosa Raquel Moritz, do site Pipoca Musical, fez um excelente guia de leitura de Sandman, além de uma série de vídeos de acompanhamento de leitura: http://pipocamusical.com.br/2016/02/28/sandman-como-ler/


O episódio duplo de Smallville, 11 e 12, da nona temporada. Justiça Absoluta.

Tudo sobre SANDMAN (Parte1) | Pipoca e Nanquim #105 (09/02/2012): https://www.youtube.com/watch?v=0vkc5t-NJHI

Faleceu Cinamon Hadley, fonte de inspiração para o visual da Morte em Sandman: http://www.universohq.com/noticias/faleceu-cinamon-hadley-que-inspirou-o-visual-da-morte-em-sandman/

The Sandman Universe – Neil Gaiman anuncia nova linha de quadrinhos de Sandman!: https://legiaodosherois.uol.com.br/2018/sandman-universe-neil-gaiman-anuncia-nova-linha-de-quadrinhos-de-sandman.html

Pat Ballard - Mr Sandman: https://www.youtube.com/watch?v=jo4CD1Ja-Ow

Roberto Carlos - Mr Sandman: https://www.youtube.com/watch?v=mnQmNEJlkJ8

 Endless (comics): https://en.wikipedia.org/wiki/Endless_(comics)

Comentários

  1. Nossa, Sandman cria uma mitologia tão grande, de tantas histórias, que é difícil ver alguém não elogiar. O que me deixa mais desgraçado é que ele só pensava em fazer até apresentar a morte. PQP se tivesse terminado ali eu iria ficar muito puto, porque é morte tem uma concepção
    incrível, ainda bem que seguiu firme e forte ♥

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  2. Sandman é o tipo de coisa que eu tinha preconceito quando conheci lá por 2005.
    O pessoal que me indicava Sandman sempre era um povo chaaato dos infernos!
    Mas, conforme fui conhecendo os outros trabalhos do Neil Gaiman, comecei a ler Sandman e hoje digo, sem sombra de dúvidas, é uma das melhores histórias em quadrinhos já feitas.

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