SÉRIES | PRODUÇÃO DA NETFLIX TERIA PLAGIADO HQ BRASILEIRA


A mais recente série da Netflix, 1899, pode conter plágio do quadrinho Black Silence, publicação da brasileira Mary Cagnin, de 2016.


A suspeita começou neste domingo, dia 20/11/2022, quando a ilustradora e escritora Mary Cagnin, autora de Bittersweet e outros quadrinhos, apontou semelhanças surpreendentes entre sua obra Black Silence e a série 1899, que acaba de estrear na plataforma de streaming Netflix.



Ao decorrer da publicação, a autora explica  os detalhes idênticos entre as duas obras, e supõe que isso possa ter ocorrido pelo fato de em 2017, ela ter participado da Feira do Livro de Gotemburgo, muito famosa e influente na Europa.


Mary Cagnin na  Feira do Livro de Gotemburgo de 2017


A série 1899 foi criada por Baran Bo Odar e Jantje Friese, realizadores da produção alemã Dark, de 2017. Embora bastante aclamada por público e crítica, o primeiro sucesso da dupla na Netflix também não saiu ilesa a acusações de falta de originalidade, que apontavam semelhanças com obras como Donnie Darko e Twin Peaks (aponta Roberto Honorato, do site Primeiro Contato SciFi).

Assim como sua antecessora, 1899 também está tendo uma ótima recepção até o momento. Referências de outras produções são extremamente comuns (e diria necessárias) para a construção de uma boa nova obra, seja ela série, livro, quadrinho ou outros. Principalmente do gênero ficção científica, que se retroalimenta emprestando conceitos passados por diversas histórias desde seu surgimento. O que compromete então a legitimidade e credibilidade de uma narrativa, é quando essas referências usadas, não parecem servir apenas de inspiração, mas sim como base de plágio, o que pode ter ocorrido neste caso.


Imagem da série 1899


Influenciadores como Carol Moreira, ainda defendem que não houve plágio, pois as semelhanças seriam genéricas e recorrentes no género sci-fi. Porém internautas lembram que a mesma foi patrocinada pela Netlifx para promover a série, questionando assim sua razão da defende-la.

Em contra partida, o perfil Cevada Pop, complementa a post da autora e aponta mais semelhanças entre Black Silence e 1899:



Sendo caso de plágio, de quem seria a culpa do ocorrido?

Como aponta a influenciadora Andreza Delgado, a culpa pertence apenas aos criadores da série, a quem conceberam a ideia da trama e utilizaram o quadrinho Black Silence indevidamente como storyboard. Não se deve acusar então a plataforma Netflix, que apenas produz e distribui a série. Também está sendo levantado que uma roteirista brasileira trabalhou na série. Porém a mesma apenas participou de um único episódio, e não tem envolvimento como as decisões da narrativa.



Vale lembrar que acusações de plágio de quadrinhos brasileiros feitos por obras estrangeiras não são inéditos. Os ilustradores Nate Ilustra e Victor Cardozo lembram que o mesmo já aconteceu a Daytripper, de Fábio Moon e Gabriel Ba, e Feliz Obituário do Jefferson Costa e Rafael Calça.

O escritor Pedro Monteiro, também afirma que um conto seu foi plagiado no quinto episódio da série Outer Range, transmitida pela plataforma Prime Vídeo.

Sabe de outro caso semelhante? Comenta com a gente nas redes sociais.



No mais, minha recomendação é sempre dar atenção e visibilidade para artistas nacionais e independentes. Grandes empresas midiáticas já possuem apoio, e nossa energia é melhor direcionada aos que ainda estão em busca de reconhecimento.


1899 está disponível na Netflix. Black Silence, assim como outros quadrinhos da Mary Cagnin, podem ser comprados ou lidos gratuitamente no site da autora: marycagnin.com





ATUALIZAÇÃO:

Através do Instagram, os criadores da série, Baran Bo Odar e Jantje Friese, se pronunciaram sobre o caso.

Jantie Friese publicou uma mensagem dizendo que Mary Cagnin está tentando vender seu quadrinho. O que sabemos não ser verdade, já que Black Silence fui publicado 6 anos atrás, está de graça para ler, e a autora tem novos trabalhos para divulgar. 

O perfil de Jantie encontra-se fora do ar. 

A página oficial da série emitiu uma nota focando em pedir que os internautas não destilassem ódio quanto ao casal de roteiristas. A mesma publicação foi compartilhada por Baram Bo Odar, que comentou já ter entrado em contato com a autora Mary Cagnin.

As coloristas Raquel Ramos e Fabi Marques, explanam o caso nesta sequência do twitter: https://twitter.com/raquelsramos/status/1594734882802077696


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