AFINAL, O QUE É UMA RESENHA?


A crítica cultural é um meio que já foi visto como um mundo afastado do público geral popular. Seja literária, de cinema, ou de arte, a crítica era, e ainda é, considerada de nicho, ou voltada a um público mais intelectualizado e criterioso, restrito a jornais, revistas ou sites especializados. Graças a popularização e democratização da criação de conteúdo em mídias sociais, esse estigma vem se quebrando, e a crítica tem se tornado um espaço cada vez mais amplo, diverso e acessível. O que era visto como algo distante, agora é uma possibilidade para qualquer um que queira se inserir e tiver um público que consuma suas produções.

E é aí que vem a resenha. A crítica cultural é uma área ampla, com diversos gêneros textuais inclusos, como ensaio, resumo, dentre outros, A resenha é mais um deles. Quando se faz uma crítica, não necessariamente é preciso fazer uma resenha. Mas como ela é o gênero mais usado e difundido entre os críticos, acaba-se criando uma confusão de que fazer uma crítica é fazer uma resenha. Confusão maior acontece quando o criador faz uma crítica usando outros gêneros textuais e chama de resenha, por ter essa crença já mencionada antes. Mas afinal, o que caralhos é uma resenha?

Embora seja uma palavra popular que carregue diversas definições em regiões diferentes do país, como para designar humor, conversa ou reunião, resenha é um gênero textual com a finalidade de fazer um breve comentário, descrição, enumeração de obras ou eventos culturais, para que o leitor se sinta convencido a conhecê-los, ou talvez evitá-los.

Uma resenha precisa, como aponta José Luiz Fiorin e Platão Saviolo (1990), estabelecer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar seus aspectos relevantes e descrever as circunstâncias que o envolvem. Ou seja, você vai analisar ou descrever, com uma progressão linear de ideias, objetivamente, usando uma linguagem compreensível, o objeto que se desejar recomendar ou não. Existem tipos diferentes de resenha. Numa resenha descritiva ou temática, você precisa ser imparcial, mas em uma resenha crítica, ou acadêmica, você pode expor sua opinião e argumentar.

Mas bem, o que precisa conter? Você precisa inserir informações bibliográficas do material, autoria, título, lugar de origem, data, quantidade de páginas, minutos e ficha técnica (que não é obrigatória em resenhas literárias). Apresentada essas informações você faz um resumo ou sinopse do conteúdo com os principais pontos da obra ou evento. Para resenhas críticas, seguimos a estrutura básica de texto dissertativo argumentativo: Introdução - desenvolvimento - conclusão. E sua opinião deve ser embasada e contextualizada comparando com outras obras semelhantes.

Mas tá, que tipo de resenha eu faço então? Vamos conhecer os tipos pra você decidir o que mais lhe agradaria escrever e apresentar.
Resenha descritiva: Apenas exposição e descrição das informações contidas no objeto, sem espaço para opiniões.
Resenha crítica: Cabe argumentar suas ideias sobre o objeto, dar sua opinião, além de apresentar um resumo e bibliografia.
Resenha temática: Usada para abordar várias obras que seguem uma mesma temática. É necessário apresentar essa temática, resumir as obras, informações sobre elas, suas opiniões e uma conclusão.

Agora que você já sabe os principais tipos, vamos nos atentar a algo muito importante que é sempre bom lembrar. Resenha não é resumo. Resumo é uma redução do texto original da obra, uma exposição progressiva, descritiva e objetiva. Não cabe ao resumo apresentar elementos essenciais de uma resenha, como contexto e avaliação do objeto. Além de resumo, outra coisa que resenha não é, é release. Release são textos publicitários com a intenção de divulgar uma obra ou evento. Um release vai tentar te convencer a experienciar o objeto, através de uma descrição comprometida a fazê-lo parecer interessante o suficiente para te fazer conferir.

Dito tudo isto, vamos escrever! Exercitar a escrita faz bem pra mente, pro raciocínio, pra cognição e é gostoso demais! Mas não se esqueça de ler bastante para enriquecer seus conhecimentos.





REFERÊNCIAS:
FIORIN, J. L., SAVIOLI, F. P., Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1990.
MEDEIROS, J.B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. São Paulo: Atlas, 2010.

AGRADECIMENTOS:
Natasha Centenaro, professora, pesquisadora e dramaturga, que me ensinou tudo isso.

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