O POWER POP COREANO: ENTREVISTA COM CECILY RENNS

Entrevista por Simon Strider | Tradução por Raquel S. Ramos

 CECILY RENNS

Cecily Renns é uma das artistas sul coreanas da cena indie/emo que vem tendo mais atenção nos ultimos cinco anos. Tanto com sua carreira solo, como com seu projeto MIDI Bunny.

Sua voz poderosa e músicas cativantes são tão icônicas quanto podem ser. Ela também é uma grande amiga minha! No dia, 29 de outubro (2023), conduzi uma entrevista com ela que você pode ler abaixo!


SIMON: Então, para a primeira pergunta, eu gostaria de começar por algo simples. Quais você diria que tem sido seus álbuns favoritos do ano até agora?

CECILY: Meus favoritos são o novo álbum do Parannoul, After the Magic, BIDDY FOX 1000 da Biddy Fox, o EP do Wapddi, “Ah I’ve been thrown out”, e o HELLMODE de Jeff Rosenstock! Vários outros muito bons saíram este ano também, acho que foi um ótimo ano para a música indie.

S: Legal que você mencionou Jeff Rosenstock, porque isso me leva à minha próxima pergunta. Sei que você é uma grande fã do trabalho dele, e que uma das suas artistas favoritas é a maravilhosa Patricia Taxxon. Entre estes dois, qual você diria que influencia mais a sua música, num geral? (Também estou incluindo as outras bandas do Jeff, especialmente Antarctigo Vespucci).
C: Oh, essa é uma pergunta difícil. Se tratando de composição, Jeff Rosenstock definitivamente me inspira mais, enquanto que Patricia influenciou minha produção e toda a minha filosofia a respeito de arte. Eu também descobri Patrícia antes, mas atualmente escuto muito mais as músicas do Jeff, então em geral eu acredito que o trabalho dele se reflete mais nos meus álbuns. Porém os álbuns da Patricia (especialmente os mais antigos) criam uma nostalgia enorme em mim.

Se eu puder mencionar mais alguém, os trabalhos de Jeff Burgess (também conhecido como Just Fern) são as maiores influências musicais da minha arte, eu acho. Ele é um artista indie menos conhecido, costumava fazer muita fan muisic para My Little Pony, mas suas composições e letras tem sido muito inspiradoras para minha carreira musical. Nós trabalhamos juntos também, o que pra mim é meio que o equivalente a fazer música com Will Toledo. É meio doido kkkk, você não imagina o quanto isso significou pra mim.

Capa do Dysfunctional Bunnygirl

S: Quando se trata de letras, você prefere escrever em coreano, como suas músicas mais antigas, ou em inglês?

C: Acho que gosto mais de escrever músicas em inglês, porque cantar em inglês é mais divertido. Inglês é bastante rítmico de sentir, tipo, cada ênfase é muito divertida de cantar. Eu gosto de escrever em coreano quando estou escrevendo prosa, tipo escrever um romance… É por isso que quando escrevo letras em coreano, é menos poético e mais direto.

Eu acho coreano uma língua linda, amo estudar e aprender gramática e sintaxe, tentar escrever sentenças que soam legais. O inglês, eu na verdade odeio como a língua é estruturada, é tão aleatório e caótico e nem um pouco divertido de aprender kkkk. Eu só gosto de cantar em inglês, falar é divertido e cantar também.

S: Há outros tipos de mídia além da música (como filmes e videogames) que inspiram sua arte?

C: Bom, obviamente tem Homestuck kkkk. É uma ótima webcomic (na minha opinião), eu gosto pra caramba.

Livros também me inspiram muito. Realmente sou mais escritora que musicista, é como eu penso em mim mesma. Amo os trabalhos de Kurt Vonnegut, os livros dele sempre me enchem de esperança e humanidade.

S: Qual é exatamente sua coisa favorita sobre Homestuck e por quê?

C: Eu li Homestuck quando tinha 13 anos, então eu era quase da mesma idade que as crianças de lá, e acho que me identifiquei bastante como eles. Era uma história diferente de tudo que eu já tinha visto, tinham várias músicas, animações e conteúdo multimídia sobre a história. Também é genuinamente bem escrito, tanto como drama quanto como comédia, o que é bem difícil de conseguir.

Capa de Hitoribocchi: A Musical (Vocaloid Cast Recording)

S: Voltando para a sua música, acho que a maior parte dos seus ouvintes te conhecem da sua maratona “um álbum por mês” de 2021. Eu fiquei curioso: qual o seu favorito e por quê?

C: Tenho alguns favoritos! Meu favorito de todos foi o último que fiz, Heart & Soul, como se fosse um tipo de álbum que eu sempre quis fazer. Consegui combinar vários diferentes gêneros e fazer um álbum pop realmente soar progressivo. Algo com os álbuns de Porter Robinson e Vylet Pony, que foram minhas maiores inspirações. Acho que é o trabalho de que mais me orgulho!

Além dele, eu fiquei realmente feliz com o álbum Lily of the Valley, no qual há uma parceria com uma vocalista fenomenal e minha boa amiga, Ucklin. Acho que a performance vocal dela combinou com algumas das minhas melhores composições, criando um álbum realmente destacado. É meu álbum mais popular no Spotify, então acredito que seja meu álbum mais acessível haha. Também gostei do álbum The Odyssey of Cyrilia Allison, apenas pelas letras, mas me arrependo de muitas coisas desse álbum e gostaria de re-gravá-lo por inteiro algum dia.

S: Seu próximo álbum está saindo em breve, não está? Você pode falar mais sobre ele e suas faixas?

C: Sim! Bom, é bastante inspirado pelo trabalho de Parannoul, especialmente seu álbum novo. Em 2021 ouvi To See the Next Part of the Dream, o que me inspirou a fazer um álbum chamado Childhood Erasure Logs. Não era realmente um álbum de shoegaze, soava mais como Jeff Rosenstock, honestamente. Este álbum tem a intenção de ser uma sequência àquele álbum, e dessa vez um pouco mais shoegaze e inspirado em noise pop.

S: Também sei que vai ter um novo álbum de Midi Bunny. Pode me falar sobre isso?

C: Não fomos muito longe na produção ainda! Mas definitivamente, eu posso prometer que ele vai ser melhor que o EP. Será um álbum conceitual sobre… Alguma coisa, e terá várias participações. Queremos trabalhar com o máximo de pessoas que conseguirmos.

S: Qual é seu álbum favorito do ano que você nasceu?

C: Ooooh, me dá um segundo pra ver. (Ela pesquisou.)
Ok, aqui diz que Against Me is Reinventing do Axl Rose saiu em 2002. Esse é muito bom. Eu também amo The Double Donkey Disc do Ozma. Se você gosta de Weezer, deveria ouvir esse. Meu álbum favorito é Hate dos The Delgados. Eu acho que as pessoas provavelmente conhecem essa banda por causa da música The Light Before We Land, abertura do anime Gunslinger Girl. É realmente bom, chamber pop barulhento que eu amei durante muito tempo, bem nostálgico pra mim!!!

SIMON: Pra encerrar, tem algo que você gostaria de dizer pros seus fãs?

CECILY: Claro!!! Uhhhhh meu álbum novo sai dia 3 de novembro, escutem assim que sair! Escutem as músicas do Simon também, são bem legais. E ouçam MIDI Bunny. E Palestina Livre!!! O genocídio em Gaza no momento é horrível e todos tem que falar a respeito. É isso!!!

Capa de 모두 살아 (EVERYONE, LIVE)



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